Creio que os obituários hoje publicados cobriram de forma detalhada a vida deste grande pioneiro da política ambiental brasileira, Dr. Paulo Nogueira Neto. Então queria destacar três aspectos não mencionados que considero da maior importância.
Nós biólogos devemos muito da regulamentação de nossa profissão a luta e esforço do Dr. Paulo Nogueira Neto na sua aprovação pelo Congresso Nacional em 1979. Primeiro presidente da Associação Paulista de Biólogos/APAB, o Dr. Paulo e seus companheiros lutaram por quase uma década para que finalmente a profissão fosse legalmente regulamentada, garantindo ao Biólogo uma vasta área de atuação profissional.
O segundo ponto que queria destacar refere-se ao apoio que o Dr. Paulo deu a criação do Programa BIOTA. Na fase de planejamento do Programa tive a oportunidade de discutir a proposta com ele, que com sua experiência e visão contribuiu para a formulação dos macro objetivos do Programa. O entusiasmo e o apoio dele estão explícitos no Prefácio da série Biodiversidade do Estado de São Paulo: síntese do conhecimento ao final do século XX publicada nos primórdios do Programa BIOTA em 1999/2000.
Finalmente, o “1º Relatório Temático de Polinizadores, Polinização e Produção de Alimentos no Brasil”, lançado pela parceria entre a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos/BPBES e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador/RBIPP no último dia 6 de fevereiro, não seria possível sem o trabalho pioneiro do Dr. Paulo no estudo das abelhas sem ferrão. Foi esta sua paixão pelas abelhas nativas que levou a formação da geração de especialistas envolvidos neste diagnóstico.
Em um momento tão crítico para o meio ambiente no Brasil, perdemos nosso ícone. Todos aqueles que trabalham em prol da conservação da natureza hoje estão de luto.
* Por Carlos Joly